sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Gravar ou não gravar...

Até hoje me impressiono com a reação de quem ouve a própria voz gravada.

Todas as pessoas são assim, estranham a própria voz, simplesmente porque a ouvem "mixada". Isto mesmo. Quando você ouve a voz de uma pessoa, está ouvindo a voz "verdadeira", aquela cuja emissão é proveniente do som gerado pelas pregas vocais (o termo corda vocal não é correto) e demais recursos formadores da voz. O dono da voz, entretanto, escuta uma mistura (mixagem nada mais é que uma mistura) da voz que sai da boca (e vai para os próprios ouvidos) e a voz que chega aos ouvidos por canais internos.



Resumindo: a voz que você ouve não é "sua voz" que os outros ouvem. Quando as pessoas ouvem a sua voz gravada não estranham, é o que estão acostumados a ouvir. Você, entretanto, passa a comparar sua voz gravada (externa) com aquela que conhece (mixada). Daí a estranheza que você experimenta.

Eu também achei muito diferente a minha voz gravada. O fato é que isto aconteceu quando eu tinha sete anos, com o rádio gravador Beltek (acredito que esta marca japonesa não exista mais) que meu pai deu à minha irmã em 1977. Imagine que este aparelho, além de rádio FM, possuía um gravador de fitas K7 ou cassete (coisa que os mais novos nem sabem o que é) com microfone embutido, com a inscrição "condenser mic" - vejam só - o troço tinha um microfone condensador! Aliás, tinha nada, ainda tem e funciona (acredito). Este tipo de gravador é bastante curioso, levando-se em conta que, além da sua voz e todo tipo de ruído no ambiente, grava PRINCIPALMENTE o barulho dos motores que movem a fita e o próprio ruído gerado pelo atrito entre a fita e o chamado "cabeçote". Ou seja, eu tive contato com o barulho desde cedo.

Na década de 70, portanto, não era incomum encontrar um gravador de fita nas residências. Além de brinquedo para as crianças (eu gostava muito), outras finalidades devem ter sido encontradas.

Hoje, entretanto, os aparelhos de som "caseiros" não servem para "gravar" música, mas para executá-la. O microfone, que não era um item tão desconhecido para as pessoas nos anos 70, hoje só é encontrado nas casas de músicos ou quem trabalha com "som ambiente".

Como já deve ser do conhecimento de todos, em nossos dias, a melhor coisa que se usa pra gravar é novamente um item que todos temos em nossas casas: o computador.

Da mesma forma que as fitas cassete armazenavam as gravações, os discos rígidos de computador (ou os CDs e DVDs) são hoje o meio usado para armazená-las.

Hoje, praticamente todos os computadores "caseiros" têm uma entrada de microfone (aquela conexão P2 cor-de-rosa situada no painel frontal ou traseiro do gabinete do microcomputador). 


Exemplo de painel traseiro de computador PC, 
com três conexões de áudio: a verde é asaída 
para fones de ouvido, a azul é a entrada de linha 
(áudio) e a rosa é a entrada de microfone.

Então qualquer pessoa pode gravar? Vejamos...
Para gravar a voz, em teoria, basta conectar um microfone nesta entrada rosa do computador. Este microfone deve ser dinâmico e, é claro, provido de conector compatível com esta entrada.
Deve-se ajustar as configurações de áudio do computador para que se habilite a entrada de microfone e o volume correspondente seja suficiente para captar o áudio. Estas configurações variam um pouco, dependendo do sistema operacional do computador (Windows XP, Windows 7/8, MacOS X, Linux etc.).

Uma vez que o computador esteja recebendo o áudio do microfone, será necessário um programa para capturar este som e transformá-lo num arquivo, a ser armazenado no disco rígido (da mesma forma que se guarda um documento do Microsoft Word numa pasta, por exemplo).
Existem diversos programas para capturar e manipular o áudio, alguns deles são gratuitos. Considere aqui os editores de áudio, que trabalham com o processamento de um ou mais arquivos de áudio e os programas multipista (que são como mesas de som ou mixers virtuais), também conhecidos como DAW (Digital Audio Workstation). Nesta última categoria, se enquadram:
- o famoso Avid Pro Tools;
- Steinberg Cubase;
- Cakewalk Sonar;
- o popular Cockos Reaper. 


Cockos Reaper

Com destaque para este último, com recursos que impressionam o mais exigente dos usuários, com uma licença de uso que pode sair por apenas US$60,00 (sessenta dólares americanos), de longe o menor preço entre todos os programas da categoria.

Uma música pode ser gravada da seguinte forma: 
- cada instrumento (incluindo as vozes) gravado separadamente, com ou sem o auxílio de um metrônomo;
- cada "pista" ou "faixa" gravada é exibida simultaneamente, formando um conjunto;
- o áudio resultante de todas estas faixas unidas (misturadas, mixadas), modificadas e equilibradas entre si a gosto do mixador será o que chamamos de mixagem, ou seja, o produto de todas as faixas de áudio resultando num único arquivo estéreo (com dois canais - esquerdo e direito).

Aqui começa toda a brincadeira.

Abraços do Rato!

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