No próximo dia 30 teremos o famigerado segundo turno das eleições. Eu preferia que não houvesse.
Explico-me: Neste país, neste momento, ele só serve pra acirrar a polaridade que vem assolando nosso povo.
No segundo turno, alguém que jamais votaria em José converte-se em eleitor (pior, em cabo eleitoral) dele, apenas para não ver João eleito.
Essa polaridade, tão nociva à sociedade, acaba por conferir um status fictício aos candidatos. Institucionaliza-se o maniqueísmo.
As pessoas começam a dizer que trata-se do combate entre o bem e o mal, entre Deus e o Diabo, como se qualquer candidato pudesse de fato identificar-se com um ou outro.
Ouso dizer que nem o último sentir-se-ia bem representado pelos candidatos que o Brasil vê. O Diabo, na verdade, que não está muito preocupado se os eleitores acreditam nele ou não, quer mesmo é que a polaridade não acabe, que as pessoas continuem cada vez mais divididas. Para quem ainda não sabe, o significado da palavra "diabo" é "o que divide". Ele deve, inclusive, ficar muito satisfeito com essas tragédias onde o eleitor de José chega ao absurdo de matar o eleitor de João.
O mínimo que José e João deveriam fazer é falar abertamente a seus eleitores "Não ataquem os eleitores do meu adversário, muito menos fisicamente! Respeitem o direito de cada um votar em quem quiser. É esse mesmo direito que permite que vocês votem em mim! Essa é a democracia que todos defendemos!".
Entretanto, algum dos candidatos adotou está postura?
Nossa situação segue sendo lamentável. Quem dera houvesse um turno só...
